quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Chacrinha está de volta com sua buzina

Chacrinha buzinava melhor.

Em meados de 2011 o Japão foi envolvido por um forte terremoto. Já em dezembro do mesmo ano mais de 90% das localidades afetadas tinham sido desobstruídas, limpas e reconstruídas. Processo conduzido por governantes que aplicam corretamente os impostos arrecadados. Como no mundo não existe “santo” nas esferas governamentais, podemos supor que uns 2,5% devem ser discretamente desviados.
Mas os meliantes são condenados quando apanhados.

Na região serrana do Rio (Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e adjacências) em janeiro de 2011 aconteceram fortes chuvas que mataram quase 1500 pessoas (as estatísticas só registram 900) e destruíram casas e as estruturas em volta. Muito parecido com o que já havia acontecido antes em Santa Catarina e morro do Bumba em Niterói.

Em janeiro de 2012 novas chuvas voltam a castigar o RJ causando perigosos problemas similares (em menor escala) na região ainda não recuperada. Se ocorrerem muitas perdas de vidas, estamos prevendo que mais uma vez os governantes das 3 esferas voltem a desembarcar nos locais afetados (estradas obstruídas) chegando em seus reluzentes helicópteros e cercados pelas elegantes comitivas de mais de 90 “aspones” (somando tudo) desocupados para “aplaudir” (a imprensa comprometida também estará lá para montar as manchetes favoráveis do dia seguinte) com entusiasmo o manjado discurso similar ao que eu imagino abaixo:

“- Prezados eleitores trouxas, digo, moradores de casas frouxas: mais uma vez a Natureza (a eterna culpada) nos pegou desprevenidos(?) e nos trouxe o enorme pesar de perdermos dignos brasileirinhos dentre os valentes que ajudam a fazer este país crescer (esta é a única verdade que as ratazanas dizem)!

Mas nós estamos atentos e aparelhados e amanhã mesmo iniciaremos o processo de apoio aos desabrigados e feridos bem como a reconstrução desta aprazível região. Chegamos a suspender nossos compromissos oficiais para acompanhar de perto os trabalhos de cada área social. Já recebemos promessa de apoio logístico das 3 forças militares. Em menos de 4 meses os turistas não perceberão que uma tragédia aqui ocorreu!”.

Como o povo já está escaldado (mas não sabe reagir) em relação a estas baboseiras despejadas pelas bocas ávidas por grandes “contratos” com os patrocinadores das campanhas eleitorais, certamente menos de 10 flagelados estarão prestando atenção ao evento. Salvo os “palanqueiros” convidem algum pagodeiro para “alegrar” o encontro (terão coragem?).

Apesar da baixa presença de eleitores enganadas no momento do discurso, fico sonhando com um deles pedindo a palavra para apenas uma pergunta:

“- Senhor(a) discursante: observamos este mesmo discurso nas últimas 15 tragédias em diversos pontos do país. De diferente apenas alguns sinônimos. “Desprevenidos” foi trocado por “de surpresa”. “Apoio” no lugar de “ajuda”. Efetivamente nem 10% do necessário básico foi realizado. Apenas instalaram umas 25 cornetas que devem custar perto de R$ 100,00 mas o Estado deve ter sido “licitado” por quase R$ 2.000,00 para apitar (se não faltar energia e se a previsão do tempo funcionar 30 minutos antes da água cair) para nos avisar que devemos sair correndo e que cada um se abrigue debaixo de alguma ponte que ainda não tenha desmoronado.

Então eu pergunto: vocês pedirão nosso voto nas próximas eleições?”

Haroldo P. Barboza
Autor do livro: Brinque e cresça feliz

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