por .Núbia Silveira -sul21
Na época em que a inflação atingia o patamar de três dígitos e a moeda brasileira desvalorizava a cada momento, centavos não valiam nada. Os comerciantes, naturalmente, arredondavam as contas, ficando com o troco miserável. Ninguém reclamava. Nem mesmo os que tinham dinheiro para investir no overnight, deitando com um valor X na conta bancária e acordando com X + Y. Mas, o panorama mudou. Hoje, a inflação anual é de um dígito e o real está valorizado a ponto de complicar a vida dos exportadores. Os centavos têm valor. Então, por que a maioria dos consumidores continua aceitando, sem reclamar, que farmácias, supermercados, taxistas e tantos outros embolsem, com a cara mais deslavada deste mundo, os seus centavos? Talvez com medo de passarem por loucos ou sovinas. Talvez por falta de consciência do quanto eles valem.
Nessa semana, paguei com R$ 20,00 o dentifrício de R$ 9,98, que comprei numa rede de farmácia. Como esperava, sem qualquer explicação, recebi R$ 10,00. A atendente com aquela cara de laje e não de pau, para evitar o ataque de cupins, simplesmente me deu o troco e seguiu atendendo outras pessoas, como se fosse normal ficar com dois centavos meus. Resolvi fazer as contas. A rede de farmácias tem inúmeras lojas no Rio Grande do Sul e fora do Estado. Atende milhares de pessoas por dia presencialmente e por tele-entrega. Calculando, por baixo, que 500 pessoas deixem na rede R$ 0,02 – sem contar os cinco centavos que também costumam ser esquecidos – teremos R$ 10,00 a mais no caixa no final do dia; R$ 300,00 no final do mês, já que as lojas não fecham aos domingos, e R$ 3.600,00 no ano. Nada mal.
Para onde vai esse dinheiro surrupiado dos consumidores? Para um caixa dois? Há empresas que apelam para os sentimentos solidários dos consumidores, propondo que doem os centavos a alguma instituição. Constrangida, a maioria aceita. Evita bater boca com o funcionário, trancar a fila e ouvir: “Mas, são só dois centavinhos”. Só? No final do dia e do ano, são muitos centavinhos, que saem do nosso bolso para encher o de outro. Chegou a hora do consumidor brasileiro não ter vergonha de exigir o que é seu. Inclusive centavos.
sul21 do dia 09/02/2010
http://sul21.com.br/jornal/2012/02/centavos-surrupiados/
Nessa semana, paguei com R$ 20,00 o dentifrício de R$ 9,98, que comprei numa rede de farmácia. Como esperava, sem qualquer explicação, recebi R$ 10,00. A atendente com aquela cara de laje e não de pau, para evitar o ataque de cupins, simplesmente me deu o troco e seguiu atendendo outras pessoas, como se fosse normal ficar com dois centavos meus. Resolvi fazer as contas. A rede de farmácias tem inúmeras lojas no Rio Grande do Sul e fora do Estado. Atende milhares de pessoas por dia presencialmente e por tele-entrega. Calculando, por baixo, que 500 pessoas deixem na rede R$ 0,02 – sem contar os cinco centavos que também costumam ser esquecidos – teremos R$ 10,00 a mais no caixa no final do dia; R$ 300,00 no final do mês, já que as lojas não fecham aos domingos, e R$ 3.600,00 no ano. Nada mal.
Para onde vai esse dinheiro surrupiado dos consumidores? Para um caixa dois? Há empresas que apelam para os sentimentos solidários dos consumidores, propondo que doem os centavos a alguma instituição. Constrangida, a maioria aceita. Evita bater boca com o funcionário, trancar a fila e ouvir: “Mas, são só dois centavinhos”. Só? No final do dia e do ano, são muitos centavinhos, que saem do nosso bolso para encher o de outro. Chegou a hora do consumidor brasileiro não ter vergonha de exigir o que é seu. Inclusive centavos.
sul21 do dia 09/02/2010
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