EDITORIAL JORNAL DO COMERCIO, 13/12/2011
Depois da Primavera Árabe, a crise na União Europeia (UE) e a incrível dívida pública dos Estados Unidos (EUA), de US$ 13 trilhões, parece que as populações cansaram de ser dirigidas por grupos em que apenas o lucro interessa. Por mais sádico que possa parecer, o fato é que – e Deus queira fique bom logo – o câncer que acometeu o ex-presidente Lula, eminência parda do governo de Dilma Rousseff, fez com que muitos pedissem que ele “fosse tratado no Sistema Único de Saúde (SUS), para ver como os demais brasileiros sofriam com filas, esperas e tratamentos postergados”. O presidente tem plano de saúde privado, como quase 40 milhões de outros brasileiros. Ninguém desejou o mal, mas que a realidade do SUS fosse sentida por alguém que disse que ele era quase perfeito. Claro, uma ideia notável, mas com muitas mazelas, poucos recursos, gestão precária, alguns funcionários relapsos e que precisa ser remodelado.
Em Porto Alegre, Tariq Ali afirmou que “as pessoas perderam o medo da morte. Elas decidiram que preferem morrer a desistir”. A reflexão, segundo o escritor, jornalista e militante paquistanês Tariq Ali, diz respeito ao ideal dos integrantes das revoltas da Primavera Árabe. As mobilizações denotam, em sua opinião, a consciência política e o estado de indignação das pessoas com o governo em países como Tunísia e o Egito. De fato, de 1968 até aos indignados de 2011, seja no Norte da África ou no Ocupem Wall Street, as mobilizações que eclodiram no mundo ocidental entre 1968 e 1975 como as greves estudantis e das classes trabalhadoras na França retiraram do poder ditaduras militares que governavam países como Espanha e Portugal. O paquistanês avalia que a Primavera Árabe é uma reação em cadeia que os países do Ocidente, apesar de se inclinarem à tentativa de impedir os levantes ou até mesmo subestimar seu alcance, como fizeram os EUA, não puderam conter. Segundo Ali, os manifestantes perderam o medo à morte, e isso permitiu que eles tivessem maior clareza política e se indignassem contra o governo. “Eles têm poucas ideias de como mudar a forma de governo, mas, se não há oposição vinda de baixo, os políticos vão continuar a fazer o que eles fazem. Talvez nós tenhamos uma alternativa agora”, especulou o paquistanês. Ele reconhece, no entanto, que se trata de um longo percurso, e não de algo que se complete em poucos anos. “História é um processo muito original. Pode-se levar muito tempo para mudar a realidade. Nós vivemos em um mundo em transição”, frisou.
Ora, sabe-se que mais de 60% das pessoas não estão contentes com a forma com que seus países são governados. Porém, elas não conseguem encontrar uma maneira demudar essa realidade. É o caso do Brasil e da corrupção que parece estar no DNA de certas pessoas em todos os escalões da República, sejam públicos ou privados. Há uma alta incidência de corrupção, mesmo em países democráticos. Por isso a necessidade de recuperar o conceito real de política e os direitos sociais em escala global. O sistema financeiro internacional precisa de regulação e taxas sobre transações internacionais. Bens essenciais à vida, como saúde e educação, devem ter suas necessidades espalhadas para todas as populações. Se essas necessidades não forem satisfeitas, haverá crise na sociedade.
Depois da Primavera Árabe, a crise na União Europeia (UE) e a incrível dívida pública dos Estados Unidos (EUA), de US$ 13 trilhões, parece que as populações cansaram de ser dirigidas por grupos em que apenas o lucro interessa. Por mais sádico que possa parecer, o fato é que – e Deus queira fique bom logo – o câncer que acometeu o ex-presidente Lula, eminência parda do governo de Dilma Rousseff, fez com que muitos pedissem que ele “fosse tratado no Sistema Único de Saúde (SUS), para ver como os demais brasileiros sofriam com filas, esperas e tratamentos postergados”. O presidente tem plano de saúde privado, como quase 40 milhões de outros brasileiros. Ninguém desejou o mal, mas que a realidade do SUS fosse sentida por alguém que disse que ele era quase perfeito. Claro, uma ideia notável, mas com muitas mazelas, poucos recursos, gestão precária, alguns funcionários relapsos e que precisa ser remodelado.
Em Porto Alegre, Tariq Ali afirmou que “as pessoas perderam o medo da morte. Elas decidiram que preferem morrer a desistir”. A reflexão, segundo o escritor, jornalista e militante paquistanês Tariq Ali, diz respeito ao ideal dos integrantes das revoltas da Primavera Árabe. As mobilizações denotam, em sua opinião, a consciência política e o estado de indignação das pessoas com o governo em países como Tunísia e o Egito. De fato, de 1968 até aos indignados de 2011, seja no Norte da África ou no Ocupem Wall Street, as mobilizações que eclodiram no mundo ocidental entre 1968 e 1975 como as greves estudantis e das classes trabalhadoras na França retiraram do poder ditaduras militares que governavam países como Espanha e Portugal. O paquistanês avalia que a Primavera Árabe é uma reação em cadeia que os países do Ocidente, apesar de se inclinarem à tentativa de impedir os levantes ou até mesmo subestimar seu alcance, como fizeram os EUA, não puderam conter. Segundo Ali, os manifestantes perderam o medo à morte, e isso permitiu que eles tivessem maior clareza política e se indignassem contra o governo. “Eles têm poucas ideias de como mudar a forma de governo, mas, se não há oposição vinda de baixo, os políticos vão continuar a fazer o que eles fazem. Talvez nós tenhamos uma alternativa agora”, especulou o paquistanês. Ele reconhece, no entanto, que se trata de um longo percurso, e não de algo que se complete em poucos anos. “História é um processo muito original. Pode-se levar muito tempo para mudar a realidade. Nós vivemos em um mundo em transição”, frisou.
Ora, sabe-se que mais de 60% das pessoas não estão contentes com a forma com que seus países são governados. Porém, elas não conseguem encontrar uma maneira demudar essa realidade. É o caso do Brasil e da corrupção que parece estar no DNA de certas pessoas em todos os escalões da República, sejam públicos ou privados. Há uma alta incidência de corrupção, mesmo em países democráticos. Por isso a necessidade de recuperar o conceito real de política e os direitos sociais em escala global. O sistema financeiro internacional precisa de regulação e taxas sobre transações internacionais. Bens essenciais à vida, como saúde e educação, devem ter suas necessidades espalhadas para todas as populações. Se essas necessidades não forem satisfeitas, haverá crise na sociedade.
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