No "Espírito das Leis", Montesquieu separa os poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário. Aos redatores da Constituição de 1791 pareceu interessante aos burgueses, pois ficando com o Legislativo e o Executivo não viam problema em deixar o Judiciário com os aristocratas. Nos tempos que correm...
O Legislativo, como um dos três poderes, ao qual compete elaborar leis, necessita urgentemente ser revisto em suas formas de composição. Se a sociedade não pode abdicar do Legislativo, também ela não necessita de vereadores, deputados (estaduais ou federais) e senadores.
Não apenas pela recusa à mediocridade ou aos projetos estapafúrdios, salários exorbitantes, corrupção e assistencialismo praticados em gabinetes e, tampouco, por onerarem os cofres públicos. "Voluntários" poderiam ser mais perigosos em suas "voluntades". O país seria muito melhor sem a presença desses senhores, porque à população não interessa mais essa democracia de falsos "representantes". A democracia deve ser direta, com espaços para que os cidadãos possam atuar efetivamente e não apenas na hora de votar na condição de rês no rebanho dos currais eleitorais.
Quando vejo um botton no peito onde se lê: "Emagreça - pergunte-me como", imagino o povo na rua com bottons: "Viva sem vereador - pergunte-me como" e, outros, sem deputado etc. A resposta não é um produto para vender, como pretendem os propagandistas do emagrecimento, mas podemos começar a pensar em limpar a gordura do Legislativo. E, já que o caminho começa com o primeiro passo, vamos viver sem vereadores. Como?
É uma reflexão para todos. Moradores, estudantes, profissionais de diversas categorias (nos campos e nas cidades), aposentados, desempregados e segmentos organizados da sociedade civil têm muito mais competência de legislar para que o Executivo se comprometa com a realidade dos municípios. E fiquemos atentos aos políticos que propõem mudar o "perfil" do vereador para "voluntário", "distrital", etc. Não passa de paliativo ou escamoteio da realidade, como o caso da pessoa que, tendo apanhado o parceiro (ou parceira) com outro no sofá, vende o sofá e continua com a figura.
O mundo não nasceu pronto e leis foram criadas a partir das necessidades. Muitas conquistas, mas algumas foram traídas ao longo da história e outras estão obsoletas. O mundo carece de transformação e não parece muito honesto que estejamos conformados em deixá-lo como está aos que virão depois de nós.
Wilson Coêlho é dramaturgo e escritor
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