A CORRUPÇÃO NA ADMINISTRAÇÃ PÚBLICA AGORA É ORGANIZADA,QUASE PARTIDARIZADA.UMA BARBARIDADE INACEITÁVEL. OS POLÍTICOS NÃO CONHECEM NEM O ÓDIO, NEM O AMOR. SÃO CONDUZIDOS PELO INTERESSES E NÃO PELO SENTIMENTO.
domingo, 4 de julho de 2010
JEITINHO BRASILEIRO
O Brasil é conhecido como o país do futebol, do Carnaval, das mulheres bonitas, do papo descontraído, do clima tropical. Os brasileiros são conhecidos entre si pelo famoso "jeitinho". O assunto parece banal, mas não é e já foi alvo de várias análises. Em 1977, Roberto Gomes, em "Crítica da Razão Tupiniquim", dedicou um capítulo a esse tema. O livro "Dando um Jeito no Jeitinho - Como ser ético sem deixar de ser brasileiro" (2000), do professor Lourenço Stelio Rega, mestre em ética, é um exemplo do interesse pelo estudo desse multifacetado fenômeno. Definir os vocábulos "jeito" ou "jeitinho" não é tarefa fácil, mas essa reflexão pode ser uma pista para a compreensão desses termos. O "jeitinho" brasileiro pode ser entendido como forma especial (muito especial!) de o povo resolver situações embaraçosas. Na enciclopédia virtual Wikipedia, há a seguinte definição: "expressão brasileira, é um modo de agir usado para driblar normas e convenções sociais. É uma forma de navegação tipicamente brasileira, onde o indivíduo pode usar de recursos emocionais (...) para obter favores para si ou para outrem". O professor Lourenço Stelio Rega o define como saída para situações sem saída ou para uma situação que não se quer enfrentar. Como se vê, o "jeitinho" é uma "habilidade" exclusiva do brasileiro, é quase seu estilo de vida, uma forma de pensar e agir tipicamente tupiniquim. Ele revela aspectos do nosso caráter e, apesar de aparentemente banal, é de extrema relevância antropológica e ética. Dá-se um "jeitinho" para tudo: político corrupto que quer ser reeleito dá um jeitinho para amenizar os efeitos da Lei da Ficha Limpa; aluno que quer ser aprovado sem estudar dá um "jeitinho" com uma "cola" ou uma monografia copiada da internet; candidato a motorista, despreparado, dá um "jeitinho" de convencer o examinador com palavrório vazio; autoridade surpreendida em situação embaraçosa dá um "jeitinho", apelando para a função que ocupa ("Sabe com quem você está falando?"); motorista pego em flagrante dá um "jeitinho" para enrolar a autoridade competente etc. E, assim, de "jeitinho" em "jeitinho", o país caminha em direção ao caos ético. Além da balbúrdia ética, o "jeitinho" revela o espírito conciliador, cordial e pouco afeito a conflitos do brasileiro. Mas, dependendo da questão, os conflitos são essenciais para haver discussão e compreensão do tema. Docilidade, obediência e cordialidade exageradas não levam ao crescimento, mas o "deixa como está para ver como é que fica" também não favorece o amadurecimento humano. Existir é radicalizar e não minimizar ou ignorar conflitos. Sem oposição, qualquer posição é aceita como válida. Isso leva à menoridade intelectual e ao relativismo ético e gnosiológico. No entanto, o "jeitinho" tem seu lado positivo, enquanto exige inventividade e criatividade e prima pela conciliação. Sem exagero, quando bem orientado, tem seu valor. PE. EDMAR JOSÉ DA SILVAFilósofo e professor (Faculdade "Dom Luciano", de Mariana)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela visita e deixe sua postagem