Empatando a sociedade - Savio Machado Barbosa; Artigo do Leitor, O Globo, 24/09/2010
Emblematicamente o mais elevado Tribunal de Justiça do nosso país não consegue decidir o óbvio e abre uma janela para a paisagem aterradora da Justiça, entremeada de legalidades e inconstitucionalidades. Cheia de teres e haveres, direitos e deveres, de uma salada indigesta para o povo brasileiro. Coisas que só juristas entendem.
O Povo apenas engole e não sabe que nesta salada sem sabor tem um veneno que mata nossos filhos, nas ruas com balas perdidas ou não, que chegam pelas costas, atiradas por Policiais Militares que serão julgados por homicídio culposo. Veneno este que mata nos hospitais públicos desaparelhados por desvios de atraentes verbas malditas e inauditas. Veneno que abafa o grito dos que sofrem com estupros, cometidos por apenados, indultados por juízes que vendem suas sentenças. Juízes que são punidos indo para casa com aposentadorias de Nababo.
Vivemos em um Estado onde há coisas que só juristas entendem. E por que, passivamente, aceitamos tudo? Seria por que está tudo dentro da lei? Lei que só é boa para os juristas, e nos faz sentir atingidos pelas costas com um empate aético sobre a questão da Ficha Limpa - limpeza que representa uma boa conduta. Que lei é esta que não se explica e nem deve explicações?
Será que precisaremos eleger também o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Ministério Público como se fosse numa chapa administrativa qualquer? Talvez, um leigo apaixonado como fora outrora o metalúrgico Lula, comandando tão ilibados e versados senhores, consiga depois de duas gestões, decidir?
Lanço um desafio a qualquer um dos dez ministros votantes: que expliquem a ausência do 11º elemento, por tanto tempo, num momento tão importante para o nosso país. Ou ainda, que expliquem a ausência de uma mensagem sequer, tentando mudar o rumo das discussões, seja por projeto de Lei ou de Emenda Constitucional.
O Brasil de hoje é uma empresa bem das pernas, mas andaria bem melhor se tivesse de um departamento jurídico decente. O que explica um carro da PM com quatro rodas na calçada? Possivelmente a mesma lei, que explica o motivo de o jornalista Pimenta Neves estar solto até hoje. Ou ainda a mesma legislação que explique a concessão de indulto de Natal para criminosos reincidentes, enquanto os apenados primários amargam o exílio social. Mas nesse arcabouço de Babel tem um código que se aplica a todas as situações: "você me garante e eu não te perturbo." É o princípio do funcionamento das milícias que é aplicado em todos os setores da nossa sociedade organizada.
A CORRUPÇÃO NA ADMINISTRAÇÃ PÚBLICA AGORA É ORGANIZADA,QUASE PARTIDARIZADA.UMA BARBARIDADE INACEITÁVEL. OS POLÍTICOS NÃO CONHECEM NEM O ÓDIO, NEM O AMOR. SÃO CONDUZIDOS PELO INTERESSES E NÃO PELO SENTIMENTO.
domingo, 26 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Segurança pública é pura hipocrisia
20/09/2010 - 22h54 - Atualizado em 20/09/2010 - 22h54
Portal ASSTBM -
O último relatório da Anistia Internacional, divulgado no mês de maio deste ano, mostrou que a segurança pública é o maior problema da América Latina, o que inclui o Brasil. Os resultados foram obtidos através de pesquisas com os cidadãos destas regiões. Essa insegurança que a população sente, virou um palanque eleitoral para todos os candidatos, de presidentes, governadores e deputados. E o que se vê no horário político,é candidatos prometendo ministérios,secretarias de segurança,investimento em viaturas,material, tecnologia,contratação de mais policiais,o que é muito importante mas não é tudo.
Mas aos olhos de uma grande parte da população é o suficiente, mas não é.
Isso cria para população uma sensação de segurança, o que não é verdade, e os candidatos sabem disso, sabem que é preciso bem mais, é preciso investimento humano no policial, dar dignidade a esse profissional tão desvalorizado, tanto pelo governo federal quanto estadual.
Um exemplo que tivemos disso foi a PEC 300, a cada promessa de votação os policiais saiam em caravana de seus estados levando sonhos de ter e poder proporcionar uma vida mais digna a sua família e assim seguiam para Brasília acompanhar a votação e o resultado disso tudo foi acompanhado nos jornais e tele-jornais, aliás, foi a única vez que vimos a televisão dando destaque a luta dos policiais, mas não se engane, pois o que a imprensa veiculou foi imagens de baderneiros, pois foi isso que diziam os tele jornais, o que a imprensa não informou foi que o tumulto foi causado por agentes penitenciários que também estavam reivindicando a aprovação da PEC 308. Em nenhum momento a imprensa levou ao conhecimento da população o calvário dos policiais, as horas de viagem ate Brasília, noites sem dormir,e policiais que não retornaram com vida para suas famílias.Mas isso não tem importância, a população e tanto a mídia, governo estadual e federal sabem, e porquê isso não tem importância pro meu vizinho, para meu patrão, pra mim? Respondo, o que realmente importa para nós civis é ver uma viatura passando, caminhar pelas ruas e ver policias nas esquinas, isso é o que nos importa, se o policial ganha mal não é da minha conta, suas dificuldades não nos interessa o que quero é caminhar pela rua e saber que vai ter policiamento ali para proteger a mim e a minha família.
O desinteresse da população pelo policial vem da imagem que a imprensa veicula em jornais, televisões tratam os policias como bandidos,um policial agressor corrupto é tudo que a imprensa e alguns figurões dos direitos humanos querem, prova disso foi a morte do filho de uma atriz da rede globo, onde o destaque não foi para o atropelador que levou o jovem a morte, ou o pai que subornou os PMs, os policias esses foram as manchetes.Mais um caso que também teve muita repercussão foi o confronto da polícia com traficantes no Rio de Janeiro, que teve um fim trágico para uma família que perdeu seu filho, um menino que estava na sala de aula e foi atingido por uma bala perdida, e mais uma vez a policia passou por incompetente, pois o resultado de suas ações foi a morte de uma criança. Este caso teve destaque em jornais e televisão, o que não foi destaque foi o resultado da pericia, que o tiro que levou o menino a óbito não foi da policia.
E ao que tudo isso leva? A uma população que quer ver policias nas ruas para se sentir segura, mas que não quer se aproximar deles, e tenho que dizer que existem sim policiais corruptos, policias que merecem o titulo de bandido, mas é uma minoria, e corrupção todo brasileiro sabe que existe em toda parte e em qualquer profissão, a diferença se faz em não aceitar, não se corromper.
E o resultado de tudo isso, é como aponta as pesquisas uma população com medo das ondas de violências e candidatos oportunistas em todo país prometendo investimentos na área de segurança publica.
Vamos falar do nosso estado, aqui no RS a começar pelos candidatos a deputados estaduais e federais, muitos aparecem defendendo a PEC 300, perguntamos onde eles estavam na época do esforço concentrado? Não me lembro de ter vistos eles na câmara federal defendendo a aprovação, agora os candidatos ao governo do estado, vou citar os três principais, pois acho fácil a oposição chegar e defender melhorias salariais não só para policiais quanto para professores ou qualquer setor, mas sabemos que eles não vão chegar ao governo, e caso cheguem também sabemos que todas as promessas não iram se realizar tão facilmente como prometido na campanha, mas falando dos três principais candidatos, nenhum deles tem um plano concreto para o ser humano, no caso o policial, temos um candidato com uma carta de intenção, que diz que ate 2014 pretende melhores salários, mas ate lá tem as bolsas do Pronasci, que é muito criticada por quem não recebe, mas que é muito bem vinda para os que possuem ,também se sabe que essas bolsas não contam em nada no futuro, se for para reserva ou houver qualquer problema, o policial vai perder essa onificação, então pode se disser que a bolsa ajuda, mas não resolve.
O outro candidato que configura em segundo lugar nas pesquisas, também lançou um plano de governo, no qual diz que vai investir na segurança publica, isso para a população em geral, já seria o suficiente para ter seu voto, então os problemas da segurança serão resolvidos?
E o governo? a governadora( candidata a reeleição) esta mostrando todo o investimento na segurança publica, e olha é impressionante, compra de novas viaturas contratação de novos policiais, tem o apoio do
comandante geral , falando da Brigada Militar e não para por ai, na campanha o governo promete novas contratações, construção de penitenciarias, já esta para ser aprovada contratação de novos policiais, e a sociedade estaria segura, será?
Não, não estamos, pois não adianta comprar viaturas e contratar novos policiais, pois logo vamos ter nas ruas novas viaturas dirigidas por policias cansados, desmotivados e com o pior salário pago entre todos os estados da federação, ainda que o RS seja o quarto no PIB nacional, isso acaba com a motivação dos policiais, do que valeu todo o investimento? Nada.
E como diz nossa governadora por traz dos números estão às pessoas, e porque não se investe nas pessoas?
Espero que o pensamento dos próximos governantes mude, que sigam o exemplo de alguns estados que já perceberam isso, citando o governo de Sergipe que se priorizou o homem ao invés da locação de carros e compra de armas e hoje tem uma polícia motivada e com isso uma mudança significativa nos índices da segurança, diferente das falsas estatísticas que nos empurram e que quando abrimos as páginas policiais a verdade é outra.
Jeferson Ribeiro
Portal ASSTBM -
O último relatório da Anistia Internacional, divulgado no mês de maio deste ano, mostrou que a segurança pública é o maior problema da América Latina, o que inclui o Brasil. Os resultados foram obtidos através de pesquisas com os cidadãos destas regiões. Essa insegurança que a população sente, virou um palanque eleitoral para todos os candidatos, de presidentes, governadores e deputados. E o que se vê no horário político,é candidatos prometendo ministérios,secretarias de segurança,investimento em viaturas,material, tecnologia,contratação de mais policiais,o que é muito importante mas não é tudo.
Mas aos olhos de uma grande parte da população é o suficiente, mas não é.
Isso cria para população uma sensação de segurança, o que não é verdade, e os candidatos sabem disso, sabem que é preciso bem mais, é preciso investimento humano no policial, dar dignidade a esse profissional tão desvalorizado, tanto pelo governo federal quanto estadual.
Um exemplo que tivemos disso foi a PEC 300, a cada promessa de votação os policiais saiam em caravana de seus estados levando sonhos de ter e poder proporcionar uma vida mais digna a sua família e assim seguiam para Brasília acompanhar a votação e o resultado disso tudo foi acompanhado nos jornais e tele-jornais, aliás, foi a única vez que vimos a televisão dando destaque a luta dos policiais, mas não se engane, pois o que a imprensa veiculou foi imagens de baderneiros, pois foi isso que diziam os tele jornais, o que a imprensa não informou foi que o tumulto foi causado por agentes penitenciários que também estavam reivindicando a aprovação da PEC 308. Em nenhum momento a imprensa levou ao conhecimento da população o calvário dos policiais, as horas de viagem ate Brasília, noites sem dormir,e policiais que não retornaram com vida para suas famílias.Mas isso não tem importância, a população e tanto a mídia, governo estadual e federal sabem, e porquê isso não tem importância pro meu vizinho, para meu patrão, pra mim? Respondo, o que realmente importa para nós civis é ver uma viatura passando, caminhar pelas ruas e ver policias nas esquinas, isso é o que nos importa, se o policial ganha mal não é da minha conta, suas dificuldades não nos interessa o que quero é caminhar pela rua e saber que vai ter policiamento ali para proteger a mim e a minha família.
O desinteresse da população pelo policial vem da imagem que a imprensa veicula em jornais, televisões tratam os policias como bandidos,um policial agressor corrupto é tudo que a imprensa e alguns figurões dos direitos humanos querem, prova disso foi a morte do filho de uma atriz da rede globo, onde o destaque não foi para o atropelador que levou o jovem a morte, ou o pai que subornou os PMs, os policias esses foram as manchetes.Mais um caso que também teve muita repercussão foi o confronto da polícia com traficantes no Rio de Janeiro, que teve um fim trágico para uma família que perdeu seu filho, um menino que estava na sala de aula e foi atingido por uma bala perdida, e mais uma vez a policia passou por incompetente, pois o resultado de suas ações foi a morte de uma criança. Este caso teve destaque em jornais e televisão, o que não foi destaque foi o resultado da pericia, que o tiro que levou o menino a óbito não foi da policia.
E ao que tudo isso leva? A uma população que quer ver policias nas ruas para se sentir segura, mas que não quer se aproximar deles, e tenho que dizer que existem sim policiais corruptos, policias que merecem o titulo de bandido, mas é uma minoria, e corrupção todo brasileiro sabe que existe em toda parte e em qualquer profissão, a diferença se faz em não aceitar, não se corromper.
E o resultado de tudo isso, é como aponta as pesquisas uma população com medo das ondas de violências e candidatos oportunistas em todo país prometendo investimentos na área de segurança publica.
Vamos falar do nosso estado, aqui no RS a começar pelos candidatos a deputados estaduais e federais, muitos aparecem defendendo a PEC 300, perguntamos onde eles estavam na época do esforço concentrado? Não me lembro de ter vistos eles na câmara federal defendendo a aprovação, agora os candidatos ao governo do estado, vou citar os três principais, pois acho fácil a oposição chegar e defender melhorias salariais não só para policiais quanto para professores ou qualquer setor, mas sabemos que eles não vão chegar ao governo, e caso cheguem também sabemos que todas as promessas não iram se realizar tão facilmente como prometido na campanha, mas falando dos três principais candidatos, nenhum deles tem um plano concreto para o ser humano, no caso o policial, temos um candidato com uma carta de intenção, que diz que ate 2014 pretende melhores salários, mas ate lá tem as bolsas do Pronasci, que é muito criticada por quem não recebe, mas que é muito bem vinda para os que possuem ,também se sabe que essas bolsas não contam em nada no futuro, se for para reserva ou houver qualquer problema, o policial vai perder essa onificação, então pode se disser que a bolsa ajuda, mas não resolve.
O outro candidato que configura em segundo lugar nas pesquisas, também lançou um plano de governo, no qual diz que vai investir na segurança publica, isso para a população em geral, já seria o suficiente para ter seu voto, então os problemas da segurança serão resolvidos?
E o governo? a governadora( candidata a reeleição) esta mostrando todo o investimento na segurança publica, e olha é impressionante, compra de novas viaturas contratação de novos policiais, tem o apoio do
comandante geral , falando da Brigada Militar e não para por ai, na campanha o governo promete novas contratações, construção de penitenciarias, já esta para ser aprovada contratação de novos policiais, e a sociedade estaria segura, será?
Não, não estamos, pois não adianta comprar viaturas e contratar novos policiais, pois logo vamos ter nas ruas novas viaturas dirigidas por policias cansados, desmotivados e com o pior salário pago entre todos os estados da federação, ainda que o RS seja o quarto no PIB nacional, isso acaba com a motivação dos policiais, do que valeu todo o investimento? Nada.
E como diz nossa governadora por traz dos números estão às pessoas, e porque não se investe nas pessoas?
Espero que o pensamento dos próximos governantes mude, que sigam o exemplo de alguns estados que já perceberam isso, citando o governo de Sergipe que se priorizou o homem ao invés da locação de carros e compra de armas e hoje tem uma polícia motivada e com isso uma mudança significativa nos índices da segurança, diferente das falsas estatísticas que nos empurram e que quando abrimos as páginas policiais a verdade é outra.
Jeferson Ribeiro
sábado, 18 de setembro de 2010
PALHAÇO NO CONGRESSO Protesto ou equívoco?
- Editorial Zero Hora, 18/09/2010
A simples possibilidade de que o humorista, palhaço e cantor Tiririca se eleja deputado federal por São Paulo com a maior votação individual do país passou de uma situação folclórica para se transformar num tema de preocupação e debate. Com um slogan de anticandidato – “Tiririca, pior que tá não fica” – e uma propaganda debochada, deseducativa e anarquista, o cidadão Francisco Everardo Oliveira da Silva, que há duas décadas frequenta shows e entrevistas com o apelido de Tiririca, pode engordar a bancada do Partido da República com seis ou sete parlamentares eleitos com a legenda obtida por sua votação individual.
Ninguém pode ignorar que, numa democracia, é um direito de qualquer cidadão pleitear uma vaga na nominata de candidatos dos partidos e uma prerrogativa destes de aceitá-los e promovê-los. O que a popularidade de um Tiririca está revelando, no entanto, não é esse saudável exercício da democracia. É antes um sintoma do empobrecimento político do país e de uma tendência lamentável de ridicularizar o próprio sistema representativo. Votar num palhaço que diz não saber o que faz um deputado, num candidato que se propõe a ajudar os necessitados, “inclusive da minha família”, ou em nomes que usam de oportunismo midiático para captar votos, ignorando que as campanhas eleitorais têm que ser, antes de mais nada, uma oportunidade de promover os valores da democracia e do respeito ao bem comum, é jogar contra a seriedade e o bom senso.
Infelizmente, os candidatos do tipo Tiririca não representam nem mesmo uma posição de protesto, o que daria uma razão aceitável para elegê-los. Eles apenas refletem a pobreza política, o desencanto com a respeitabilidade do processo eleitoral e a irresponsabilidade demagógica de alguns partidos. O Brasil precisa sobreviver a essas insuficiências e distorções. O escritor Luis Fernando Verissimo, com lucidez, vê no aparecimento de candidatos caricatos, paradoxalmente, uma espécie de comprovação da força da própria democracia. Ela, que já superou tantos obstáculos, certamente vai sobreviver a eles.
A simples possibilidade de que o humorista, palhaço e cantor Tiririca se eleja deputado federal por São Paulo com a maior votação individual do país passou de uma situação folclórica para se transformar num tema de preocupação e debate. Com um slogan de anticandidato – “Tiririca, pior que tá não fica” – e uma propaganda debochada, deseducativa e anarquista, o cidadão Francisco Everardo Oliveira da Silva, que há duas décadas frequenta shows e entrevistas com o apelido de Tiririca, pode engordar a bancada do Partido da República com seis ou sete parlamentares eleitos com a legenda obtida por sua votação individual.
Ninguém pode ignorar que, numa democracia, é um direito de qualquer cidadão pleitear uma vaga na nominata de candidatos dos partidos e uma prerrogativa destes de aceitá-los e promovê-los. O que a popularidade de um Tiririca está revelando, no entanto, não é esse saudável exercício da democracia. É antes um sintoma do empobrecimento político do país e de uma tendência lamentável de ridicularizar o próprio sistema representativo. Votar num palhaço que diz não saber o que faz um deputado, num candidato que se propõe a ajudar os necessitados, “inclusive da minha família”, ou em nomes que usam de oportunismo midiático para captar votos, ignorando que as campanhas eleitorais têm que ser, antes de mais nada, uma oportunidade de promover os valores da democracia e do respeito ao bem comum, é jogar contra a seriedade e o bom senso.
Infelizmente, os candidatos do tipo Tiririca não representam nem mesmo uma posição de protesto, o que daria uma razão aceitável para elegê-los. Eles apenas refletem a pobreza política, o desencanto com a respeitabilidade do processo eleitoral e a irresponsabilidade demagógica de alguns partidos. O Brasil precisa sobreviver a essas insuficiências e distorções. O escritor Luis Fernando Verissimo, com lucidez, vê no aparecimento de candidatos caricatos, paradoxalmente, uma espécie de comprovação da força da própria democracia. Ela, que já superou tantos obstáculos, certamente vai sobreviver a eles.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Corrupção, moral e filosofia
Corrupção, moral e filosofia - Luiz Antonio Flor; O Globo, 15/09/2010 às 15h39m; Artigo do leitor
No capítulo X de "Cândido, Ou o Otimismo", romance "filosófico" escrito por Voltaire a bordo do navio que o conduzia ao Paraguai, o personagem título, relembrando o filósofo Pangloss, que imaginava ter visto morrer enforcado num auto-de-fé em Lisboa, dizia aos seus companheiros de viagem: "Vamos para um outro universo. É lá sem dúvida que tudo está bem, pois cumpre confessar que em nosso mundo não faltava o que chorar quanto ao lado físico e moral das coisas".
" A única lei que, no paradoxo brasileiro, é levada ao pé da letra é a lei de Gérson: 'Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também' "
Plagiando Voltaire, atrevo-me a dizer que em nosso país não falta o que chorar quanto ao lado físico moral das coisas, principalmente da política. Há ainda outras coincidências entre essa obra de Voltaire e o ambiente político e o descompasso social, há séculos, vigorantes no Brasil.
Primeiro: é condição fundamental para que um político exerça um cargo eletivo nas esferas federal, estadual e municipal, seja no executivo ou no legislativo, que ele seja antes um candidato (esqueçamos os senadores biônicos, de triste memória). Apesar dos dicionários da língua português mais populares não apresentarem esta denotação para o substantivo candidato, registrando tão somente o significado corrente em nossa língua ("aspirante a emprego, cargo, vaga em determinada instituição, honraria ou dignidade, aquele que pleiteia um cargo eletivo"), a palavra se origina do vocábulo latino candidatus, que significa aquele que veste roupa branca, o que lhe dá, na origem, significado semelhante ao do adjetivo cândido ("alvo, imaculado, puro, sincero, ingênuo, inocente").
Segundo: empregando a ironia, Voltaire traz à luz os preconceitos, as desigualdades sociais, a ingenuidade do povo, as tiranias do Estado e da Igreja e, principalmente, a corrupção, questões muito atuais no cotidiano do país.
Terceiro: o escritor e filósofo iluminista se divide no otimismo exacerbado de Pangloss ("Tudo está bem quando tudo está mal") e o maniqueísmo de Martinho ("Eis como se tratam os homens uns aos outros") e confronta a amizade com o interesse, a benevolência com a filáucia, a sensibilidade com a brutalidade, a benquerença com a ganância, a ambição com a fé e o amor com o ódio. Um olhar mais apurado sobre a contaminada atmosfera política brasileira e sobre o desabrimento da nossa sociedade mostrará como é atual o pensamento de Voltaire.
A consciência coletiva, definida por Émile Durkheim como o "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado com vida própria", foi totalmente eivada pelo nefasto absolutismo português, fomentando, assim, um círculo vicioso de causas e efeitos: os políticos sabem que a sociedade é frágil e faminta, então lhe atira as migalhas, como milho aos pombos, em toca de votos; e a sociedade se torna refém desses mesmos políticos.
Observem como se comportam os políticos e a sociedade brasileira. No fundo, há uma relação de promiscuidade entre ambos; a única lei que, no paradoxo brasileiro, é levada ao pé da letra é a lei (não escrita) de Gérson: "Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também".
comentário niky. não acredito mais nos politicos voto facultativo já.
No capítulo X de "Cândido, Ou o Otimismo", romance "filosófico" escrito por Voltaire a bordo do navio que o conduzia ao Paraguai, o personagem título, relembrando o filósofo Pangloss, que imaginava ter visto morrer enforcado num auto-de-fé em Lisboa, dizia aos seus companheiros de viagem: "Vamos para um outro universo. É lá sem dúvida que tudo está bem, pois cumpre confessar que em nosso mundo não faltava o que chorar quanto ao lado físico e moral das coisas".
" A única lei que, no paradoxo brasileiro, é levada ao pé da letra é a lei de Gérson: 'Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também' "
Plagiando Voltaire, atrevo-me a dizer que em nosso país não falta o que chorar quanto ao lado físico moral das coisas, principalmente da política. Há ainda outras coincidências entre essa obra de Voltaire e o ambiente político e o descompasso social, há séculos, vigorantes no Brasil.
Primeiro: é condição fundamental para que um político exerça um cargo eletivo nas esferas federal, estadual e municipal, seja no executivo ou no legislativo, que ele seja antes um candidato (esqueçamos os senadores biônicos, de triste memória). Apesar dos dicionários da língua português mais populares não apresentarem esta denotação para o substantivo candidato, registrando tão somente o significado corrente em nossa língua ("aspirante a emprego, cargo, vaga em determinada instituição, honraria ou dignidade, aquele que pleiteia um cargo eletivo"), a palavra se origina do vocábulo latino candidatus, que significa aquele que veste roupa branca, o que lhe dá, na origem, significado semelhante ao do adjetivo cândido ("alvo, imaculado, puro, sincero, ingênuo, inocente").
Segundo: empregando a ironia, Voltaire traz à luz os preconceitos, as desigualdades sociais, a ingenuidade do povo, as tiranias do Estado e da Igreja e, principalmente, a corrupção, questões muito atuais no cotidiano do país.
Terceiro: o escritor e filósofo iluminista se divide no otimismo exacerbado de Pangloss ("Tudo está bem quando tudo está mal") e o maniqueísmo de Martinho ("Eis como se tratam os homens uns aos outros") e confronta a amizade com o interesse, a benevolência com a filáucia, a sensibilidade com a brutalidade, a benquerença com a ganância, a ambição com a fé e o amor com o ódio. Um olhar mais apurado sobre a contaminada atmosfera política brasileira e sobre o desabrimento da nossa sociedade mostrará como é atual o pensamento de Voltaire.
A consciência coletiva, definida por Émile Durkheim como o "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado com vida própria", foi totalmente eivada pelo nefasto absolutismo português, fomentando, assim, um círculo vicioso de causas e efeitos: os políticos sabem que a sociedade é frágil e faminta, então lhe atira as migalhas, como milho aos pombos, em toca de votos; e a sociedade se torna refém desses mesmos políticos.
Observem como se comportam os políticos e a sociedade brasileira. No fundo, há uma relação de promiscuidade entre ambos; a única lei que, no paradoxo brasileiro, é levada ao pé da letra é a lei (não escrita) de Gérson: "Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também".
comentário niky. não acredito mais nos politicos voto facultativo já.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
que leva um cidadão comum a se tornar um político no Brasil
- por Francisco Cardoso Ponte Junior - O Globo, 09/09/2010 às 11h56m; Artigo do leitor
Quem realmente quer ajudar alguém, necessariamente, não precisa ser um político, basta trabalhar de forma voluntária, uma única vez por mês, para ajudar a quem precisa, muito embora, para quem faz algo com o dinheiro público, a tarefa se torne mais fácil. Infelizmente, nem assim os políticos, que são outorgados pelos eleitores para representá-los, nada fazem de relevante em benefício da população.
Existem várias razões que podemos desvendar neste importante enigma, que tem atraído em nossa história, milhares de homens e mulheres, de todas as classes sociais, econômicas e religiosas, para se tornarem verdadeiros algozes da política brasileira.
No plano inicial, o que vislumbra a pretensão de um cidadão comum, sem descendência política, a se tornar um parlamentar, pode trazer no seu bojo inaugural um profundo e verdadeiro sentimento de indignação, sinceridade, respeito e compromisso. Uma vontade de fazer algo em benefício do povo, trazendo soluções que muitos outros não fizeram, mesmo durante anos no poder.
Motivos que nascem diante do descontentamento da atuação governamental, das promessas não cumpridas e, das esperanças frustradas por ter entregue seu voto de confiança, por muitas vezes, aos representantes dos três parlamentos nacionais, por vários anos consecutivos, sem que estes correspondam com as suas expectativas.
Entretanto, o cidadão comum, depois de ter decidido ser candidato e ter alcançado o status de parlamentar, é duramente contagiado pelo grau de celebridade política, de autoridade intocável, seguido pela atraente influência de delegar pedidos diversos de interesses pessoais, pela maneira fácil de ganhar dinheiro e finalmente, pelo desejo incontido de se perpetuar no poder, aliado a um profundo processo de falta de memória para cumprir as promessas de melhorias sociais à população.
Razões que tornam impossível não acreditar que, em toda a história da política nacional, o que mais se tem visto em cada eleição, é um avançado agigantamento de candidatos em busca da galinha dos ovos de ouro. Todos motivados, principalmente, pelo modo fácil de enriquecer e pela frágil justiça brasileira a qual tem se tornado um atrativo a mais diante das manobras e das frágeis aplicações das nossas leis que, em verdade não impedem candidatos, com ficha suja ou limpa, de chegarem ao poder e ali se tornar vitalícios.
Ao povo, só resta reclamar.
copie do blog do Bengochea
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Considero a república brasileira uma "anarquia" onde tudo pode e nada é punido. Neste caos sem justiça e de muitas benevolências legais, aproveitam-se os bandidos, oportunista, corruptos, justiceiros, rebeldes e aproveitadores. Nem os partidos, nem os caciques políticos e nem o Estado parece interessado em manter a probidade, pois são coniventes com esta "anarquia" e quando são provocados alegam que o eleitor não sabe votar. Ora, como escolher bons políticos, se o sistema os corrompe? Como depositar a confiança num determinado parlamentar se as decisões importantes são por voto de bancada? Comoo acreditar num parlamento onde se trabalha apenas três dias por semana, há um grande vazio no plenário, é omisso nas questões nacionais, é improdutivo e vive gastando o erário em farras, prédios luxuosos, privilégios, troca de favores e altos salários?
Quem realmente quer ajudar alguém, necessariamente, não precisa ser um político, basta trabalhar de forma voluntária, uma única vez por mês, para ajudar a quem precisa, muito embora, para quem faz algo com o dinheiro público, a tarefa se torne mais fácil. Infelizmente, nem assim os políticos, que são outorgados pelos eleitores para representá-los, nada fazem de relevante em benefício da população.
Existem várias razões que podemos desvendar neste importante enigma, que tem atraído em nossa história, milhares de homens e mulheres, de todas as classes sociais, econômicas e religiosas, para se tornarem verdadeiros algozes da política brasileira.
No plano inicial, o que vislumbra a pretensão de um cidadão comum, sem descendência política, a se tornar um parlamentar, pode trazer no seu bojo inaugural um profundo e verdadeiro sentimento de indignação, sinceridade, respeito e compromisso. Uma vontade de fazer algo em benefício do povo, trazendo soluções que muitos outros não fizeram, mesmo durante anos no poder.
Motivos que nascem diante do descontentamento da atuação governamental, das promessas não cumpridas e, das esperanças frustradas por ter entregue seu voto de confiança, por muitas vezes, aos representantes dos três parlamentos nacionais, por vários anos consecutivos, sem que estes correspondam com as suas expectativas.
Entretanto, o cidadão comum, depois de ter decidido ser candidato e ter alcançado o status de parlamentar, é duramente contagiado pelo grau de celebridade política, de autoridade intocável, seguido pela atraente influência de delegar pedidos diversos de interesses pessoais, pela maneira fácil de ganhar dinheiro e finalmente, pelo desejo incontido de se perpetuar no poder, aliado a um profundo processo de falta de memória para cumprir as promessas de melhorias sociais à população.
Razões que tornam impossível não acreditar que, em toda a história da política nacional, o que mais se tem visto em cada eleição, é um avançado agigantamento de candidatos em busca da galinha dos ovos de ouro. Todos motivados, principalmente, pelo modo fácil de enriquecer e pela frágil justiça brasileira a qual tem se tornado um atrativo a mais diante das manobras e das frágeis aplicações das nossas leis que, em verdade não impedem candidatos, com ficha suja ou limpa, de chegarem ao poder e ali se tornar vitalícios.
Ao povo, só resta reclamar.
copie do blog do Bengochea
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Considero a república brasileira uma "anarquia" onde tudo pode e nada é punido. Neste caos sem justiça e de muitas benevolências legais, aproveitam-se os bandidos, oportunista, corruptos, justiceiros, rebeldes e aproveitadores. Nem os partidos, nem os caciques políticos e nem o Estado parece interessado em manter a probidade, pois são coniventes com esta "anarquia" e quando são provocados alegam que o eleitor não sabe votar. Ora, como escolher bons políticos, se o sistema os corrompe? Como depositar a confiança num determinado parlamentar se as decisões importantes são por voto de bancada? Comoo acreditar num parlamento onde se trabalha apenas três dias por semana, há um grande vazio no plenário, é omisso nas questões nacionais, é improdutivo e vive gastando o erário em farras, prédios luxuosos, privilégios, troca de favores e altos salários?
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
SER POLICIAL NÃO É PARA QUALQUER UM
SER POLICIAL NÃO É PARA QUALQUER UM", DIZ PROCURADOR
O promotor mineiro Rogério Grecco é um defensor de policiais. Autor de diversosa livros que focam no Direito Penal, apontado como o “mentor de concurso” pelo trabalho realizado como professor em cursos preparatórios, Rogério Grecco é um jurista renomado que tem sua mais nova incursão com o livro “Atividade Policial - Aspectos Penais, Processuais Penais, Administrativos e constitucionais”. O olhar do promotor para os policiais não fica apenas na ótica do Direito, mas ganha também contornos de uma defesa de admirador.
“Ser policial não é para qualquer um. Fácil eu ser entrevistado aqui por você, em um hotel, enquanto outras pessoas estão tomando tiro de fuzil. É difícil a atividade policial. A sociedade precisa entender que são pessoas diferenciadas, que tem amor pelo que faz”, comenta o jurista, que esteve em Natal ministrando um curso e lançando a nova obra na livraria Siciliano.Ele considera policiais heróis. Mas o que preferiria Rogério Grecco: ir para guerra ou ser policial nas ruas brasileiras? “Acho que iria preferir ir para guerra. Pelo menos você sabe onde está o inimigo. No Brasil você não sabe”, responde, de pronto.
Grecco não poupa críticas a falta de cumprimento das leis punitivas para os criminosos de classe média. O professor é contundente ao afirmar que os genocidas estão “soltos”: “Precisa de um combate sério. O corrupto é um genocida. O corrupto é aquele cara que você está tirando foto dele nos melhores restaurantes de Natal, mas ele está lesando o erário em milhões e milhões. É esse cara que não deixa chegar o remédio na farmácia, é esse cara que não deixa o idoso ter um atendimento digno, esse é o genocida”, diz, em tom de desabafo, Rogério Grecco.O convidado de hoje do 3 por 4 é um professor que dá uma lição de cidadania, um promotor defensor dos policiais, um escritor que fala como mestre, um cidadão simples e simpático ao espectador.
Confira a entrevista.
Os policiais hoje causam mais medo do que segurança na população. O que levou a essa inversão de valores?
A ditadura teve uma influência muito forte com relação a isso. Havia muito abuso, muito arbítrio e depois da Constituição de 1988, depois que o Brasil se transformou em uma democracia começou a haver renovação nos quadros da polícia. Essa renovação tem sido muito importante, muito útil. Hoje os estudantes que prestam concurso de forma geral gostam da atividade policial. O único problema que ainda vê na atividade policial é a questão da remuneração que faz com que as pessoas migrem para outras profissões. Eu, por exemplo, sou do Ministério Público, mas meu concurso era para delegado de Polícia Federal. Não fiz porque não surgiu oportunidade naquela época. A função policial é muito bonita. Tem havido renovação, mudança de mentalidade na polícia. Uma polícia que respeita o direito do cidadão. Mas infelizmente a imagem que ficou foi a antiga, da polícia truculenta, que gosta de bater nas pessoas. Mas não é assim que a coisa acontece.
Mas há também os casos de corrupção dentro da polícia. O senhor credita isso a questão de caráter ou questão de falta de incentivo para esses profissionais?
Questão de caráter. Sabe por que? Porque se você for no Congresso Nacional quantos são corruptos? Graças a Deus que as coisas têm mudado. Mas quantos juízes, quantos desembargadores envolvidos, quantos ministros envolvidos em problema de corrupção? Agora o contingente policial é maior, quanto mais gente maior, proporcionalmente, a corrupção. Não é que exista só na polícia. Em todos os setores tem corrupção.
O tratamento destinado às Polícia Civil, Militar e Federal é diferente. A Polícia Federal usufrui de uma estrutura melhor. O senhor tem essa mesma percepção?
Tenho porque a estrutura é diferente. A estrutura da Polícia Federal é diferente. Quando você lida com a União a estrutura é sempre melhor. Mas isso está modificando nos Estados. As Polícias Civil e Militar são o front da batalha. Eles que recebem a primeira vítima, o indiciado, o primeiro acusado. Acho que a política de remuneração da polícia, a estrutura principalmente da Civil e Militar, deveria melhorar muito.
O policial brasileiro hoje é um predestinado, um herói por trabalhar em condições tão adversas?
É sim. Eu tenho contato muito grande com a turma do BOPE do Rio de Janeiro. Eu vejo ali aqueles policiais, o amor que eles têm pela profissão. Em nada eles são mais remunerados que os outros. São altamente especializados, são pessoas que introjetaram dentro deles esse amor, esse gosto pela atividade policial. Quando se fala de policial do BOPE, qualquer policial tem orgulho de ser do BOPE. Agora ao passo que nas outras polícias já há aquela resistência de sempre reclamando, sempre murmurando. Claro que o policial do BOPE quer ganhar mais, mas isso não faz com que ele seja corrupto. Tem outras polícias importantes. No meu Estado, em Minas Gerais, tem uma polícia boa, mas ainda está longe de ser o ideal. A gente tem que valorizar. Acho que o principal é que a gente tem que aprender a não falar mal da polícia. O policial se sente desprestigiado, desmerecido, ele se sente com vergonha de ser policial. Ao invés de ter orgulho ele fica envergonhado. Eu ensino meus filhos a gostarem da polícia. Meu filho já chegou a pedir autógrafo ao policial. Acho que um bom relacionamento é o que está faltando.
A sociedade é injusta com a polícia?
É. Ser policial não é para qualquer um. Fácil eu ser entrevistado aqui por você, em um hotel, enquanto outras pessoas estão tomando tiro de fuzil. É difícil a atividade policial. A sociedade precisa entender que são pessoas diferenciadas, que tem amor pelo que fazem. Veja que sou do Ministério Público não sou da polícia. Vejo por exemplo você fazer uma incursão na favela, todo dia no Rio morre um policial. É difícil, tem que valorizar o policial.
Se o senhor fosse um policial preferia ir para guerra ou fazer segurança nas ruas do Brasil?
É difícil, pergunta difícil. Mas acho que iria preferir ir para guerra. Pelo menos você sabe onde está o inimigo. No Brasil você não sabe.
Enveredando agora especificamente pela lei, como o Direito Penal pode evoluir para coibir efetivamente os crimes?
Não pode. Essa não é nossa finalidade. É porque as pessoas vendem o peixe errado no Direito Penal. Nosso problema não é jurídico, nosso problema não é legal, nós temos lei demais, nossa lei é boa. Precisa de um ajuste e outro, mas não é isso que as pessoas estão alardeando. Elas falam que tem que rasgar o Código completo. Isso é conversa. Isso não existe. O que tem que acontecer é o Governo implementar políticas públicas. Se não houvesse desigualdade social o índice de crimes contra o patrimônio seria quase nenhum. Por que no Japão o crime de índice contra o patrimônio é quase zero? Será que no Japão as pessoas sabem melhor que não podem furtar? Não! É porque lá eles têm uma qualidade de vida que é condizente com o não querer praticar crime contra o patrimônio. A medida que você vai implementando medidas sociais você vai diminuindo criminalidade. Eu estive em uma favela com a turma do BOPE no Rio de Janeiro. Uma favela pequena lá tem 30 mil pessoas. A Rocinha tem 250 mil pessoas. De que adianta entrar a polícia se não entra saúde, educação, lazer, habitação? Isso não funciona. Muitas cidades aqui do Rio Grande do Norte não devem ter 30 mil habitantes. Em Minas trabalhei em cidade com 10 mil habitantes. O Estado polícia tem que vir, mas também o Estado serviço social. Precisa investir em escola, saúde. Na minha opinião, o problema do Brasil se chama corrupção. No dia em que houver um combate efetivo sério a corrupção as coisas vão melhorar mais. Precisa de um combate sério. O corrupto é um genocida. O corrupto é aquele cara que você está tirando foto dele nos melhores restaurantes de Natal, mas ele está lesando o erário em milhões e milhões. É esse cara que não deixa chegar o remédio na farmácia, é esse cara que não deixa o idoso ter um atendimento digno, esse é o genocida. Ele é que precisa ser combatido. Se combate esse cara primeiro o resto fica fácil
copie esta reportagem do blog
http://blogdainseguranca.blogspot.com/search?updated-min=2010-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&updated-max=2011-01-01T00%3A00%3A00-08%3A00&max-results=50
O promotor mineiro Rogério Grecco é um defensor de policiais. Autor de diversosa livros que focam no Direito Penal, apontado como o “mentor de concurso” pelo trabalho realizado como professor em cursos preparatórios, Rogério Grecco é um jurista renomado que tem sua mais nova incursão com o livro “Atividade Policial - Aspectos Penais, Processuais Penais, Administrativos e constitucionais”. O olhar do promotor para os policiais não fica apenas na ótica do Direito, mas ganha também contornos de uma defesa de admirador.
“Ser policial não é para qualquer um. Fácil eu ser entrevistado aqui por você, em um hotel, enquanto outras pessoas estão tomando tiro de fuzil. É difícil a atividade policial. A sociedade precisa entender que são pessoas diferenciadas, que tem amor pelo que faz”, comenta o jurista, que esteve em Natal ministrando um curso e lançando a nova obra na livraria Siciliano.Ele considera policiais heróis. Mas o que preferiria Rogério Grecco: ir para guerra ou ser policial nas ruas brasileiras? “Acho que iria preferir ir para guerra. Pelo menos você sabe onde está o inimigo. No Brasil você não sabe”, responde, de pronto.
Grecco não poupa críticas a falta de cumprimento das leis punitivas para os criminosos de classe média. O professor é contundente ao afirmar que os genocidas estão “soltos”: “Precisa de um combate sério. O corrupto é um genocida. O corrupto é aquele cara que você está tirando foto dele nos melhores restaurantes de Natal, mas ele está lesando o erário em milhões e milhões. É esse cara que não deixa chegar o remédio na farmácia, é esse cara que não deixa o idoso ter um atendimento digno, esse é o genocida”, diz, em tom de desabafo, Rogério Grecco.O convidado de hoje do 3 por 4 é um professor que dá uma lição de cidadania, um promotor defensor dos policiais, um escritor que fala como mestre, um cidadão simples e simpático ao espectador.
Confira a entrevista.
Os policiais hoje causam mais medo do que segurança na população. O que levou a essa inversão de valores?
A ditadura teve uma influência muito forte com relação a isso. Havia muito abuso, muito arbítrio e depois da Constituição de 1988, depois que o Brasil se transformou em uma democracia começou a haver renovação nos quadros da polícia. Essa renovação tem sido muito importante, muito útil. Hoje os estudantes que prestam concurso de forma geral gostam da atividade policial. O único problema que ainda vê na atividade policial é a questão da remuneração que faz com que as pessoas migrem para outras profissões. Eu, por exemplo, sou do Ministério Público, mas meu concurso era para delegado de Polícia Federal. Não fiz porque não surgiu oportunidade naquela época. A função policial é muito bonita. Tem havido renovação, mudança de mentalidade na polícia. Uma polícia que respeita o direito do cidadão. Mas infelizmente a imagem que ficou foi a antiga, da polícia truculenta, que gosta de bater nas pessoas. Mas não é assim que a coisa acontece.
Mas há também os casos de corrupção dentro da polícia. O senhor credita isso a questão de caráter ou questão de falta de incentivo para esses profissionais?
Questão de caráter. Sabe por que? Porque se você for no Congresso Nacional quantos são corruptos? Graças a Deus que as coisas têm mudado. Mas quantos juízes, quantos desembargadores envolvidos, quantos ministros envolvidos em problema de corrupção? Agora o contingente policial é maior, quanto mais gente maior, proporcionalmente, a corrupção. Não é que exista só na polícia. Em todos os setores tem corrupção.
O tratamento destinado às Polícia Civil, Militar e Federal é diferente. A Polícia Federal usufrui de uma estrutura melhor. O senhor tem essa mesma percepção?
Tenho porque a estrutura é diferente. A estrutura da Polícia Federal é diferente. Quando você lida com a União a estrutura é sempre melhor. Mas isso está modificando nos Estados. As Polícias Civil e Militar são o front da batalha. Eles que recebem a primeira vítima, o indiciado, o primeiro acusado. Acho que a política de remuneração da polícia, a estrutura principalmente da Civil e Militar, deveria melhorar muito.
O policial brasileiro hoje é um predestinado, um herói por trabalhar em condições tão adversas?
É sim. Eu tenho contato muito grande com a turma do BOPE do Rio de Janeiro. Eu vejo ali aqueles policiais, o amor que eles têm pela profissão. Em nada eles são mais remunerados que os outros. São altamente especializados, são pessoas que introjetaram dentro deles esse amor, esse gosto pela atividade policial. Quando se fala de policial do BOPE, qualquer policial tem orgulho de ser do BOPE. Agora ao passo que nas outras polícias já há aquela resistência de sempre reclamando, sempre murmurando. Claro que o policial do BOPE quer ganhar mais, mas isso não faz com que ele seja corrupto. Tem outras polícias importantes. No meu Estado, em Minas Gerais, tem uma polícia boa, mas ainda está longe de ser o ideal. A gente tem que valorizar. Acho que o principal é que a gente tem que aprender a não falar mal da polícia. O policial se sente desprestigiado, desmerecido, ele se sente com vergonha de ser policial. Ao invés de ter orgulho ele fica envergonhado. Eu ensino meus filhos a gostarem da polícia. Meu filho já chegou a pedir autógrafo ao policial. Acho que um bom relacionamento é o que está faltando.
A sociedade é injusta com a polícia?
É. Ser policial não é para qualquer um. Fácil eu ser entrevistado aqui por você, em um hotel, enquanto outras pessoas estão tomando tiro de fuzil. É difícil a atividade policial. A sociedade precisa entender que são pessoas diferenciadas, que tem amor pelo que fazem. Veja que sou do Ministério Público não sou da polícia. Vejo por exemplo você fazer uma incursão na favela, todo dia no Rio morre um policial. É difícil, tem que valorizar o policial.
Se o senhor fosse um policial preferia ir para guerra ou fazer segurança nas ruas do Brasil?
É difícil, pergunta difícil. Mas acho que iria preferir ir para guerra. Pelo menos você sabe onde está o inimigo. No Brasil você não sabe.
Enveredando agora especificamente pela lei, como o Direito Penal pode evoluir para coibir efetivamente os crimes?
Não pode. Essa não é nossa finalidade. É porque as pessoas vendem o peixe errado no Direito Penal. Nosso problema não é jurídico, nosso problema não é legal, nós temos lei demais, nossa lei é boa. Precisa de um ajuste e outro, mas não é isso que as pessoas estão alardeando. Elas falam que tem que rasgar o Código completo. Isso é conversa. Isso não existe. O que tem que acontecer é o Governo implementar políticas públicas. Se não houvesse desigualdade social o índice de crimes contra o patrimônio seria quase nenhum. Por que no Japão o crime de índice contra o patrimônio é quase zero? Será que no Japão as pessoas sabem melhor que não podem furtar? Não! É porque lá eles têm uma qualidade de vida que é condizente com o não querer praticar crime contra o patrimônio. A medida que você vai implementando medidas sociais você vai diminuindo criminalidade. Eu estive em uma favela com a turma do BOPE no Rio de Janeiro. Uma favela pequena lá tem 30 mil pessoas. A Rocinha tem 250 mil pessoas. De que adianta entrar a polícia se não entra saúde, educação, lazer, habitação? Isso não funciona. Muitas cidades aqui do Rio Grande do Norte não devem ter 30 mil habitantes. Em Minas trabalhei em cidade com 10 mil habitantes. O Estado polícia tem que vir, mas também o Estado serviço social. Precisa investir em escola, saúde. Na minha opinião, o problema do Brasil se chama corrupção. No dia em que houver um combate efetivo sério a corrupção as coisas vão melhorar mais. Precisa de um combate sério. O corrupto é um genocida. O corrupto é aquele cara que você está tirando foto dele nos melhores restaurantes de Natal, mas ele está lesando o erário em milhões e milhões. É esse cara que não deixa chegar o remédio na farmácia, é esse cara que não deixa o idoso ter um atendimento digno, esse é o genocida. Ele é que precisa ser combatido. Se combate esse cara primeiro o resto fica fácil
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sábado, 4 de setembro de 2010
Candidatos desrespeitam e desprezam os servidores públicos
Candidatos desrespeitam e desprezam os servidores públicos
Candidatos desrespeitam servidores públicos - Paulo Rogério N. da Silva, Assessoria de Comunicação ABAMF, 30/08/2010
Caravanas do interior do estado das Regionais da ABAMF estiveram na Capital, dia 30 de agosto, para ouvir os pretendentes ao Palácio Piratini sobre questões ligadas ao serviço público. A decepção dos brigadianos foi traduzida pelo presidente Leonel Lucas, “Eles tiveram medo. Nós vamos estar lá, na frente do Palácio. Segurança pública como prioridade no discurso é bonito”, disse. Os três candidatos que lideram as pesquisas desistiram ou não confirmaram presença a menos de 4h do início do painel dos candidatos com os servidores públicos promovido pela ABAMF, ASSTBM, FESSERGS E SINTERGS.
Os candidatos Pedro Ruas(PSOL) e Carlos Schneider(PMN)foram os únicos a comparecer no auditório do Hotel Embaixador, às 14h, para falar com os servidores estaduais civis e militares, no entanto não puderam fazer uso da palavra devido à legislação eleitoral, pois o evento foi trasmitido ao vivo pela internet e previa a participação de todos os concorrentes ao cargo de governador.
O secretário-geral da ABAMF, Ricardo Agra, destacou que os servidores têm como única bandeira a defesa do serviço público, a luta pela preservação dos direitos e contra o sucateamento dos serviços.
Na mesa diretora dos trabalhos o presidente da ABAMF, Leonel Lucas, da Fessergs, Sérgio Arnould, do Sintergs, César Chagas, e o vice-presidente da ASSTBM, Olivo Moura, explicaram para o grande número de trabalhadores presentes o cenão dos candidatos e o painel foi transformado em plenária de congraçamento de servidores estaduais civis e militares. Representação do Daer, Susepe, Ipê, Sinpers, entre outros, fizeram uso da palavra para denunciar o descaso com os serviços públicos à população gaúcha.
Antes do evento, o Conselho Deliberativo da ABAMF e representantes e caravanas das regionais estiveram reunidos na sede matriz. A falta dos pretendentes a chefe supremo da Brigada Militar, no entanto, já mostra que o diálogo com os brigadianos só será feito se houver grande mobilização, como aconteceu no ano passado.
Para Sérgio Arnould, “a união dos servidores civis e militares mostra que os trabalhadores estão juntos na defesa do serviço público”. Já o presidente do Sintergs resumiu: “seria um grande momento para categoria. Nós queríamos ouvir os candidatos sobre os temas relevantes".
niky .não vamos votar neles somente em nossos colegas canditato estadual e federal.
Candidatos desrespeitam servidores públicos - Paulo Rogério N. da Silva, Assessoria de Comunicação ABAMF, 30/08/2010
Caravanas do interior do estado das Regionais da ABAMF estiveram na Capital, dia 30 de agosto, para ouvir os pretendentes ao Palácio Piratini sobre questões ligadas ao serviço público. A decepção dos brigadianos foi traduzida pelo presidente Leonel Lucas, “Eles tiveram medo. Nós vamos estar lá, na frente do Palácio. Segurança pública como prioridade no discurso é bonito”, disse. Os três candidatos que lideram as pesquisas desistiram ou não confirmaram presença a menos de 4h do início do painel dos candidatos com os servidores públicos promovido pela ABAMF, ASSTBM, FESSERGS E SINTERGS.
Os candidatos Pedro Ruas(PSOL) e Carlos Schneider(PMN)foram os únicos a comparecer no auditório do Hotel Embaixador, às 14h, para falar com os servidores estaduais civis e militares, no entanto não puderam fazer uso da palavra devido à legislação eleitoral, pois o evento foi trasmitido ao vivo pela internet e previa a participação de todos os concorrentes ao cargo de governador.
O secretário-geral da ABAMF, Ricardo Agra, destacou que os servidores têm como única bandeira a defesa do serviço público, a luta pela preservação dos direitos e contra o sucateamento dos serviços.
Na mesa diretora dos trabalhos o presidente da ABAMF, Leonel Lucas, da Fessergs, Sérgio Arnould, do Sintergs, César Chagas, e o vice-presidente da ASSTBM, Olivo Moura, explicaram para o grande número de trabalhadores presentes o cenão dos candidatos e o painel foi transformado em plenária de congraçamento de servidores estaduais civis e militares. Representação do Daer, Susepe, Ipê, Sinpers, entre outros, fizeram uso da palavra para denunciar o descaso com os serviços públicos à população gaúcha.
Antes do evento, o Conselho Deliberativo da ABAMF e representantes e caravanas das regionais estiveram reunidos na sede matriz. A falta dos pretendentes a chefe supremo da Brigada Militar, no entanto, já mostra que o diálogo com os brigadianos só será feito se houver grande mobilização, como aconteceu no ano passado.
Para Sérgio Arnould, “a união dos servidores civis e militares mostra que os trabalhadores estão juntos na defesa do serviço público”. Já o presidente do Sintergs resumiu: “seria um grande momento para categoria. Nós queríamos ouvir os candidatos sobre os temas relevantes".
niky .não vamos votar neles somente em nossos colegas canditato estadual e federal.
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